No primeiro estádio, aculturação, a criança está exposta à cultura musical que a rodeia, absorvendo os sons do meio. Segue-se a imitação, onde a criança começa a imitar os sons produzidos pelo adulto, e finalmente a assimilação, fase na qual a criança aprende a coordenar os seus movimentos com o canto e a respiração.
Da mesma forma que não esperamos que um recém-nascido nos responda às dezenas de perguntas que lhe fazemos por dia, não esperamos que ele nos imite quando lhe cantamos… Especialmente nas primeiras sessões estarão apenas a ouvir e a “arquivar” a nova informação (não que isso lhes seja pedido, mas porque naturalmente é assim que reagem). Este tipo de pensamento musical (“audiar”) irá potenciar a ocorrência de sinapses (ligações entre as células cerebrais) específicas do pensamento musical.
Qual é o contributo da actividade musical no desenvolvimento da criança?
«A música é única para os seres humanos e, como as outras artes, é tão básica como a linguagem para a existência e o desenvolvimento humanos. Através da música, as crianças aprendem a conhecer-se a si próprias, aos outros e à vida. E, o que é mais importante, através da música as crianças são mais capazes de desenvolver e sustentar a sua imaginação e criatividade. Dado que não se passa um dia sem que, duma forma ou doutra, as crianças não ouçam ou participem em música, é lhes vantajoso que a compreendam. Apenas então poderão aprender a apreciar, ouvir e participar na música que acham ser boa, e é através dessa percepção que a vida ganha mais sentido.»
GORDON, Edwin E. - Teoria de Aprendizagem Musical para Recém-Nascidos e Crianças em Idade Pré-Escolar.
Trad. de Paulo Maria Rodrigues. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2000